Toda a minha energia era luz detrás os olhos, ávida pelo que estava fora. A luz derramava-se com tudo de mim, mas o que retornava não vinha inteiro. Existia algo no mundo que eu não conseguia ver; havia algo no meu espectro que faltava.
Virei o olhar adentro e procurei o que era, mas só lhe achei a falta. Se tudo o que tenho é a ausência, como poderia então saber o que não está presente?
Escrutinei cada fibra da minha estrutura. Por certo, algo, qualquer coisa que fosse, na sequência lógica do que havia, abriria caminho para imaginar o que não estava! Por eras de longuidão, olhei e olhei, uma e outra vez, olhei. E uma e outra vez, obtive o mesmo: ausência; somente a ausência, além da qual nada conseguia ver.
Olhando com tudo de mim, permaneço não mais que eu. E por mais cheio que o mundo se afigure, não absorverei mais do que há em mim.