Os dias já se tinham somado e ultrapassado uma semana desde a última caçada bem sucedida. Prostrado sob uma força que se alimentava da que se ia dissipando do seu corpo, o leão jazia imóvel no chão.
O sussurrar do vento que acariciava o capim seco foi de súbito invadido por um rosnar estranho. O leão reconheceu o som. Era o mesmo que antecedeu a destruição do seu primeiro clã.
A carrinha aproximou-se, parou; o leão ergueu-se, sentou-se. Olhando para o felino era possível ver o seu estado degradado, focar na pele já a colar-se às costelas e na juba rarefeita; ou ver a sua pose serena, orgulhosa, dignificada. Era, no entanto, difícil assimilar o contraste provocado pela existência de ambas as realidades num mesmo instante.
Um homem saiu da carrinha com um esgar a contrair-lhe o rosto e começou a encurtar distância entre os dois. Impassível, o leão observava o homem que com uma das mãos oferecia a cabeça de um carneiro, mas que com a outra segurava uma corrente.